A secretária estadual de Infraestrutura e Recursos Hídricos (Seinfra), Fernandha Batista, é um dos nomes que vem despontando dentro PSB, que pode vir a disputar a sucessão do governador Paulo Câmara, nas eleições de 2022. Apesar de não ser filiada ao partido e não ter o que chamam de “tradição política” - vir de família de políticos -, Fernandha está à frente de uma das pastas que mais impactam a vida dos pernambucanos, por tratar de ações e projetos referentes a malha viária e o abastecimento d’água no Estado.
Mas, segundo fontes ouvidas pelo JC, não seria apenas a cartilha de ações ligada ao Plano de Retomada, cujas autorizações já ultrapassam R$ 1 bilhão, que estaria fazendo com que Fernandha esteja sendo cogitada entre prefeitos, parlamentares e lideranças políticas para o pleito majoritário.
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No entanto, em meio às incertezas dentro da sigla diante do reiterado posicionamento do ex-prefeito do Recife e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, de que não será o candidato a governador, tem se adotado um tom mais cauteloso ao falar sobre outros quadros da legenda , já que o discurso oficial é de que não há outra possibilidade além do socialista, por ser um postulante natural do PSB.
“Ela tem sido, junto com o governador Paulo Câmara, a estrela do Plano de Retomada, mostrando que a gestão está trazendo resultados. Ela é conhecida por ser acessível e direta, com uma gestão eficaz diferenciada. Todos conseguem falar com ela e receber uma resposta, sim ou não”, destaca um parlamentar, reserva.
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Outra característica que tem facilitado as menções à Fernandha é sua presença nas agendas do Executivo em todo o Estado. “O que fica na memória das pessoas, dos vereadores, prefeitos, é quem esteve ao lado do governador fazendo anúncios. E isso é um diferencial para se chegar até o partido e fazer essa construção, porque já se percebe que há essa opção”, complementa o parlamentar socialista.
A engenheira civil, de 34 anos, Fernandha Batista é formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com doutorado na área de recursos hídricos pela mesma instituição. Para conciliar os compromissos como secretária, a preparação da sua tese, aprovada em agosto deste ano, era feita de madrugada, segundo publicação em seu perfil no Instagram. Mãe de dois filhos pequenos, ela divide suas publicações entre momentos com familiares e amigos, e os compromissos enquanto secretária estadual.
A relação com as gestões do PSB teria sido iniciada a partir da sua experiência como gerente comercial e de produção da empresa Projetec - Projetos Técnicos Ltda (2009-2012), quando foi convidada para ser diretora de Manutenção Urbana da Autarquia de Manutenção de Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), durante as duas gestões do então prefeito do Recife, Geraldo Julio. Desde janeiro de 2019, ela passou a ser a titular da Seinfra e, agora, tem seu nome ventilado para dar continuidade à "geração de técnicos” para cargos eletivos.
Uma fonte próxima a Fernandha, afirmou que a ligação do seu nome à eleição de 2022 não a tem incomodado, mas teria a surpreendido positivamente. Por sua relação com o ex-prefeito do Recife, e outros nomes que também estão no hall de apostas, esse assunto tem sido evitado por ela. Quando questionada, a auxiliar pontua que “cada tema tem sua hora”.
“Tive oportunidade de trabalhar no Recife por seis anos nesse grande desafio diário da manutenção urbana, agora no estado. É um tema que motiva muito, mas está bem focado aí na engenharia pública. Que a gente volte a valorizar a engenharia pública e faça uma melhor aplicação desses recursos. Mas a parte política não é bem da minha pasta, estou aqui para contribuir para os desafios voltados à engenharia”, declarou Batista, em entrevista à Rádio Clube, em setembro.
Por outro lado, dentro do PSB, há quem defenda que ela possua, sim, o traquejo político necessário para uma possível candidatura, diante da sua relação com o próprio Partido Socialista Brasileiro, e com partidos aliados. “Com a visibilidade que ela está tendo, a despeito da pasta que está tocando um grande volume de obras, é um nome que acaba sendo naturalmente cogitado. Há diferença é que ela tem uma capacidade de trabalho muito grande, com qualificação técnica reconhecida e trato da política”, ressaltou outra fonte, também sob reserva.
Frente
Já por parte da base governista, mesmo sob elogios sobre sua postura resolutiva, algumas lideranças pontuam que nesta eleição específica a receita de transformar um quadro técnico em político, não possa obter os mesmos resultados ocorridos com Paulo Câmara e Geraldo Julio, apadrinhados pelo ex-governador Eduardo Campos, falecido em 2014, vítima de um acidente aéreo.
Na ausência de uma liderança condutora como Campos, e com a influência do debate eleitoral nacional, a Frente Popular não tem subestimado os nomes do campo da Oposição, que são prefeitos reeleitos e possuem essa vivência política. “Ela é uma pessoa descomplicada e com uma boa avaliação como secretária, mas é diferente quando você vai enfrentar uma eleição a governador, enfrentar o debate político que se coloca tão acirrado. É preciso saber internalizar um conjunto de conceitos que precisam de mais experiência”, descreveu um aliado, em reserva.