*Igor Maciel, titular da coluna Pinga Fogo
Eduardo Bolsonaro (PSL) em 2018 tornou-se o deputado federal com mais votos na História do Brasil. Ao todo 1.843.735 pessoas foram às urnas declarar que, livremente, escolhiam o filho “03” de Bolsonaro como representante. Em 10 meses, tal qual um garoto mimado que chora por um brinquedo e depois cansa dele, Eduardo trabalhou para abrir mão desse mandato em busca de um cargo como embaixador nos EUA.
>> Saiba o que foi o AI-5, citado por Eduardo Bolsonaro
Ao assumir o posto, para o qual não conseguiu apoio suficiente do Senado e desistiu, teria que renunciar ao mandato dado a ele pelos eleitores, mas isso não era problema. Agora, o filho mais novo do presidente da República – também eleito democraticamente pela maioria da população – levanta a possibilidade de um "AI-5" para responder à possibilidade de manifestações da esquerda, caso esses protestos se radicalizem. Como o AI-5 ajudou a cassar mandatos parlamentares e fechou o Congresso, onde Eduardo dá expediente, trata-se de novo ato de desprezo pelos próprios eleitores. Entre as primeiras pessoas que perderiam o emprego, estaria ele mesmo.
No ambiente político contemporâneo é difícil definir o que é estupidez, estratégia, ingenuidade ou apenas burrice. É tudo muito entrelaçado.
*Igor Maciel é colunista do JC
Depois de ampla repercussão contrária às declarações, divulgadas nesta quinta-feira (31), em que defendeu "um novo AI-5" para conter manifestações de rua da esquerda, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pediu desculpas por suas falas e negou a defesa de um novo ato, em nova entrevista à TV.
"Peço desculpas a quem porventura tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5, ou o governo, de alguma maneira - mesmo eu não fazendo parte do governo - está estudando qualquer medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe. Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei. Eu apenas citei o AI-5. Não falei que ele estaria retornando", disse o deputado em entrevista por telefone à TV Bandeirantes.
Mesmo com o pedido de desculpas, o líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (RS), afirmou que a bancada do partido deverá entrar com uma queixa-crime contra o Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Supremo Tribunal Federal (STF). Para juristas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a declaração do filho do presidente Jair Bolsonaro fere a Constituição e pode justificar uma abertura de processo de cassação do mandato na Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.