Enquanto algumas cidades do Estado ainda discutem se vão ou não cancelar o tradicional decreto de ponto facultativo do Carnaval, na segunda e terça-feira (15 e 16), permitindo que o servidor tenha um feriadão, devido à pandemia do coronavírus, já se pode fazer a conta do que o cancelamento da festa representa em termos de perda de negócios no Estado. Algo próximo dos R$ 500 milhões.
Com a necessidade de se evitar a ampliação do número de contaminações e de mortes, as contas da perda dos negócios no Carnaval foram de prejuízo em qualquer sentido. A prioridade é salvar vidas e ampliar a vacinação, que até agora só chegou a 1% da população.
Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), de 2020, o principal evento do calendário turístico brasileiro faturou R$ 7,99 bilhões.
Em Pernambuco, apenas nas atividades mensuradas chegou a R$ 382 bilhões, já que Pernambuco é o quinto Estado com maior afluência de turistas atrás do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, estando à frente do Ceará, que formam os seis principais destinos.
Como Pernambuco tem uma característica de promover um Carnaval com muita participação popular em bairros e cidades, as estimativas chegam a R$ 500 milhões.
Sem Carnaval, e com o governo do Estado exigindo o comparecimento dos seus servidores nos dias do evento, as cidades onde tem Carnaval, como Recife, Olinda, Nazaré da Nata e Petrolina, já decidiram que também vão exigir o trabalho de seus servidores e apenas Bezerros vai manter o ponto facultativo.
O problema é que em todos os seis estados onde se brinca o Carnaval, não há indicações de que a contaminação esteja se reduzindo. Estamos, há uma semana, com média de mortes de alta passando de 1.000 óbitos/dia e mais de 50 mil contaminações.
Com a suspensão da festa, um dos segmentos que mais foi afetado foi o de hotelaria, que já trabalha com um nível de ocupação de até 50% nos dias do Carnaval e luta para reduzir o numero de cancelamentos.
O desafio das prefeituras, e do Governo do Estado, é fiscalizar o comparecimento dos servidores e no caso de falta descontar os dias não trabalhados na folha de pagamento de fevereiro.
Para completar, o Governo Federal e a Febraban decidiram que repartições publicas da União, suas empresas e os bancos vão manter o feriadão. Mas do ponto de vista da economia, o estrago já está feito.
O cancelamento, por exemplo, desfez todos os contratos de patrocínio com as cervejarias, o setor que mais vai sentir a perda de vendas.
Para o segmento, o Carnaval é o melhor período de vendas, superando o fim do ano, onde a cerveja não é a primeira opção. O setor ainda não divulgou os seus números, mas as estimativas são de queda de até 40%, sobre 2020, quando já com a pandemia se espalhando o Brasil fez o seu melhor Carnaval em cinco anos.
De fato, em 2020, segundo a CNC, a recuperação gradual da atividade econômica, combinada à inflação baixa, proporcionou um cenário positivo de moderada recuperação dos serviços turísticos. Além desses fatores, nos meses que antecedem o maior feriado do calendário nacional garantiram um grande sucesso nos negócios do setor.
Regionalmente, Rio de Janeiro (R$ 2,68 bilhões), São Paulo (R$ 1,94 bilhão) e Bahia (R$ 1,36 bilhão) concentraram 2/3 da movimentação financeira durante o período de folia, com Pernambuco crescendo +3,2%.
Somente para trabalhar no Carnaval, o estudo da CNC estimou a contratação de 25,4 mil trabalhadores temporários entre janeiro e fevereiro deste ano – 2,8% a mais do que no Carnaval de 2019 (24,7 mil). Com aproximadamente 18,2 mil vagas oferecidas, o segmento de serviços de alimentação deve ter proporcionar cerca de 71% das oportunidades de emprego.
E tomando-se apenas as dez profissões mais demandadas nos serviços turísticos, elas responderam por 63% das vagas oferecidas, com destaque para as profissões tradicionalmente ligadas aos segmentos de alimentação fora do domicílio, transportes e hospedagem. Nessas categorias, o salário médio pago a esses profissionais foi de R$ 1.909,73, em 2020.
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O número, porém, não conta o setor musical, que também geram um grande número de empregos, especialmente montagem e segurança de eventos. Também não mede os patrocínios privados a clubes e agremiações.
O Governo de Pernambuco não está fazendo levantamento dos possíveis prejuízos que as atividades perderão em termos de menores vendas, uma vez que o foco é de aumentar as restrições. Especialmente porque isso pode levantar mais questionamentos.
Mas, historicamente, o mês de fevereiro é um mês de aumento de ICMS no setor de bebidas, já que Pernambuco é um dois maiores polos de produção de cerveja do Nordeste.