Uma vacina contra a covid-19 está sendo produzida por pesquisadores do Laboratório de Estudos Moleculares e Terapia Experimental (Lemte) e do Departamento de Genética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A instituição de ensino é a primeira do Nordeste a trabalhar com o desenvolvimento de um imunizante contra a doença. A vacina que está sendo trabalhada utiliza fungos que são usados na produção de pães e cervejas.
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O professor doutor Antonio Carlos de Freitas, responsável e líder científico da pesquisa, conversou com o programa Balanço de Notícias, da Rádio Jornal, nesta terça (29), e falou sobre o desenvolvimento do imunizante.
"Nós estamos abordando três estratégias. Duas delas são muito semelhantes às vacinas que são desenvolvidas nos Estados Unidos, envolvendo o RNA e outras o DNA, como também existe uma na USP (Universidade de São Paulo), mas o nosso diferencial aqui é que nós pretendemos utilizar, para a entrega dessa vacina, uma levedura, ou seja, um fungo. A gente conhece mais na padaria como aquele fermento que produz o pão ou como aquele que é utilizado para produzir cerveja", destacou Freitas.
Ainda segundo o professor, esses microrganismos podem potencializar o efeito da vacina e gerar uma resposta mais específica, evitando também a degradação da molécula de RNA (Ácido ribonucleico) e DNA (Ácido desoxirribonucleico).
"Esses microrganismos podem ser utilizados para levar a vacina para o indivíduo com algumas vantagens. No nosso caso, seria o direcionamento dessa vacina para uma resposta mais específica, e isso potencializaria o efeito da vacina, além de proteger a molécula de RNA ou DNA de uma degradação, da sua destruição quando dá entrada no organismo."
Durante a entrevista, o doutor Antonio Carlos também explicou que, até onde se sabe, apenas o grupo do Comte e do Departamento de Genética da UFPE está trabalhando com esse tipo de levedura e que os primeiros testes pré-clínicos do imunizante poderão acontecer em 2021.
"Então essa estratégia do uso da levedura é uma coisa que, dentro da covid, somente o nosso grupo, até onde a gente conhece, está trabalhando. Nós estamos numa fase agora de estruturação do antígeno vacinal. Acreditamos que até o meio do ano que vem, nós tenhamos os primeiros testes pré-clínicos em andamento."
"Nós tivemos agora a aprovação do projeto. A liberação de financiamento aconteceu agora em agosto, então nós estamos na fase inicial ainda dos procedimentos", acrescentou Freitas, que explicou ainda que o projeto envolve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e recurso que foi enviado pelo Ministério da Educação para a universidade para o enfrentamento ao coronavírus. Ao todo, o valor chega aos R$ 550 mil.
O primeiro passo para o desenvolvimento de uma vacina são os estudos da fase não clínica, aplicada em animais de experimentação. Nele, investiga-se a ação e a segurança da molécula em laboratório, procedimento comum exigido para qualquer tipo de novo medicamento. Nesta fase, a vacina passa por ensaios que auxiliam os pesquisadores a verificar a dose adequada a ser administrada e a conhecer o mecanismo de ação do produto, bem como determinar sua segurança e imunogenicidade, antes de passar aos testes em humanos.
Os ensaios clínicos em seres humanos avaliam a segurança e eficácia do medicamento e são divididos em três fases. Na fase I, participam pequenos grupos de indivíduos. Na fase II há a inclusão de mais pessoas e a vacina é administrada em indivíduos representativos da população-alvo a ser imunizada. Já na fase III, a vacina é oferecida a uma grande quantidade de pessoas para avaliar a capacidade de proteção do produto.
Depois da Fase 3 de testes clínicos, as vacinas já podem ser submetidas ao crivo definitivo das agências reguladoras, que acompanham todas as fases de testagem. No caso do Brasil, a aprovação é feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que vem adotando regras especiais para acelerar seus processos no que se refere à covid-19. A partir desse aceite, a vacina já pode ser incluída no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, um dos maiores do mundo.
Depois que o produto já foi registrado, há ainda uma Fase 4 de testes clínicos, chamada de farmacovigilância. Esses estudos são conduzidos quando o imunizante já está disponível para a população, e, entre seus objetivos, estão conferir quanto tempo a imunidade produzida permanece e se há reações raras que não foram observadas nos testes clínicos de Fase 3.
Produção: Sinovac
Fase: 3
Nove mil voluntários, todos profissionais de saúde, de seis Estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal) participam da testagem da CoronaVac. Até o final de setembro, todos terão tomado as duas doses, necessárias, segundo previsão, para garantir a proteção.
Os testes em voluntários de saúde começaram no dia 21 de julho. Segundo o governo, mais de 5,6 mil dos 9 mil médicos e paramédicos já teriam recebido a CoronaVac, sem nenhum registro de reação adversa até o momento. A previsão é que todas as doses para a pesquisa sejam aplicadas até o próximo mês.
Após a administração das vacinas, os pacientes ainda são monitorados por um ano. Essa fase é importante para saber se há diferença de resultado entre o grupo em que o imunizante foi aplicado e o que recebeu placebo - para só então concluir sobre a eficácia.
O Estado, que ainda testa o imunizante, prevê ter 60 milhões de doses do produto até fevereiro de 2021. As primeiras cinco milhões devem chegar em outubro e, até o fim do ano, a expectativa é ter 46 milhões.
Resultados na China
No dia 23 de setembro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que a CoronaVac apresentou segurança e eficácia na fase 3 dos testes com 50 mil voluntários na China. Segundo o gestor, os testes no país asiático indicaram aproximadamente 5,3% de pacientes com efeitos adversos, todos de baixa gravidade. A eficácia, ainda de acordo com o governador, foi de 98%. O índice, na verdade, diz respeito à soroconversão calculada - ou seja, quantas pessoas teriam apresentado resposta imunológica ao coronavírus, mas ainda sem a garantia de que, de fato, a presença de anticorpos protege contra a infecção.
Produção: AstraZeneca e Universidade de Oxford, no Reino Unido
Fase: 3
O Governo Federal assinou acordo com a farmacêutica AstraZeneca, que desenvolve com a Universidade de Oxford (Reino Unido) um imunizante que também está na fase 3 dos ensaios clínicos, com humanos. Esse contrato prevê transferência de tecnologia, para a fabricação de doses no Brasil. A vacina de Oxford é testada também, no Reino Unido, na África do Sul e nos Estados Unidos.
Os testes no Brasil foram foram retomados no dia 14 de setembro após terem sido interrompidos no dia 8 de setembro em todo o mundo, devido à uma reação relatada por um dos voluntários no Reino Unido.
No dia 15 de setembro, a Anvisa a inclusão de mais 5 mil voluntários brasileiros nos estudos da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, ampliando o número de participantes de 5 mil para 10 mil. Também passaram a fazer parte do ensaio clínico voluntários de Natal, Porto Alegre e Santa Maria, que se juntaram aos recrutados em São Paulo, Rio e Salvador.
Idosos também puderam ser recrutados para o estudo. Inicialmente, somente participantes com menos de 69 anos eram aceitos. No entanto, segue em voga a regra de priorizar a inclusão de profissionais de saúde e outros trabalhadores em funções com alto risco de exposição ao coronavírus, como motoristas de ambulância, seguranças de hospitais e agentes de limpeza desses estabelecimentos.
O acordo com o governo federal brasileiro inclui receber mais de 30 milhões de doses até janeiro. Mais 70 milhões de doses devem chegar ao país a partir de março.
Produção: Pfizer e BioNTech
Fase: 3
Os testes da vacina BioNTech e Wyeth/Pfizer no Brasil são feitos em São Paulo e Bahia. Inicialmente, o estudo previa envolver até 29 mil voluntários em diferentes países, incluindo o Brasil. No entanto, a previsão é que o total de participantes seja ampliado para 44 mil, de acordo com a empresa.
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No dia 18 de setembro, a Anvisa autorizou que o número de participantes brasileiros passe de 1.000 para 2.000. Além da ampliação no número de voluntários, a agência deu aval também para uma mudança na faixa etária dos participantes, cuja idade mínima passa de 18 anos para 16 anos.
Segundo a revista Veja, as negociações com o governo brasileiro ainda não avançaram, apesar da insistência da Pfizer em fazer um acordo com o País, o que faz aumentar o risco do país ficar sem nenhuma dose da primeira vacina privada do mundo que imuniza os cidadãos da covid-19.
Os testes da vacina estão na fase 3, a última etapa, e são desenvolvidos por pesquisadores de laboratórios dos Estados Unidos e da Alemanha. O imunizante exige duas doses, com um intervalo de três semanas.
Produção: Johnson & Johnson
Fase: 3
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o teste clínico no Brasil da vacina em desenvolvimento pela unidade farmacêutica da Johnson & Johnson. Este é o quarto estudo com permissão para testar um imunizante no país contra o novo coronavírus.
De acordo com a empresa, os primeiros lotes da vacina estarão disponíveis para autorização de uso de emergência no início de 2021, se comprovado que o medicamento é seguro e eficaz.
Pelo menos 60 mil participantes de vários países, incluindo Estados Unidos, Brasil e África do Sul, vão tomar o imunizante em caráter experimental. A proposta é de uma vacina em dose única.
A fase 3 da Johnson & Johnson vai testar 7 mil voluntários brasileiros nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte. Os estudos foram iniciados em julho nos EUA e na Bélgica.