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Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

TCE identifica irregularidades na reforma das estações de BRT e suspende pagamento de manutenção em terminais integrados do Grande Recife

O entendimento do tribunal é que o serviço não está sendo feito com a qualidade acordada nos contratos

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 12/05/2021 às 18:05 | Atualizado em 12/05/2021 às 19:17
TCE identificou problemas nas obras realizadas nas estações de BRT - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

O Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) identificou irregularidades na reforma das estações do BRT pernambucano, conhecido como Via Livre, e nos serviços de manutenção nos terminais integrados de ônibus da Região Metropolitana do Recife. Por isso, decidiu abrir uma auditoria especial para investigar o uso do dinheiro público pelo governo de Pernambuco e determinou a suspensão do pagamento das obras nos terminais. A determinação é feita para o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), responsável pela coordenação dos trabalhos nos corredores Norte-Sul e Leste-Oeste e nos TIs.

No caso das estações de BRT, o investimento do Estado foi feito em 2020, depois que 25 das 46 estações foram roubadas e praticamente destruídas por vândalos. Soma quase R$ 8 milhões na recuperação emergencial e, posteriormente, na requalificação de 20 estações e melhorias em 13 TIs. São três contratos nos valores de R$ 1,1 milhão, R$ 4,5 milhões e R$ 2,047 milhões, respectivamente, e todos serão alvo da auditoria especial porque, segundo o corpo técnico do TCE, também foram identificados problemas nas obras realizadas nas estações.

A medida cautelar foi expedida pelo conselheiro Marcos Loreto na segunda-feira (10/5) e determina a suspensão dos pagamentos do CTM à empresa contratada - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Mas apenas as falhas nos TIs é que foram alvo da medida cautelar porque há tempo para serem corrigidas. A medida cautelar foi expedida pelo conselheiro Marcos Loreto na segunda-feira (10/5) e determina a suspensão dos pagamentos do CTM à empresa contratada para manutenção corretiva, preventiva e de reparos emergenciais nas estações de BRT e nos TIs. A auditoria especial vai acompanhar a correção dos problemas.

No caso dos TIs, o entendimento do TCE é que o serviço não está sendo feito com a qualidade acordada nos contratos. Segundo relatório de auditoria da equipe técnica do TCE, várias incongruências foram identificadas. “Os serviços estão sendo realizados em desconformidade com o que foi contratado, a exemplo de, em determinados casos, utilização de materiais de qualidade inferior ao que foi estabelecido”, diz o órgão de controle. Exemplo citado pelo corpo técnico para ilustrar as falhas encontradas é a substituição das cubas das pias dos banheiros, que deveriam ser de louça com torneiras de metal e foram instalados equipamentos de aço inox de péssima qualidade com torneiras de plástico.

 

No caso das estações de BRT, o investimento do Estado foi feito em 2020, depois que 25 das 46 estações foram roubadas e praticamente destruídas por vândalos - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Na medida cautelar, o conselheiro cobra a fiscalização do CTM e o reparo do que foi mal feito. “Compete ao órgão contratante a fiscalização sobre a execução dos contratos, e que os pagamentos só devem ocorrer quando evidenciado o seu devido cumprimento, nos termos inicialmente estabelecidos, por parte da empresa contratada. Sendo assim, a suspensão do pagamento deverá se dar até que sejam feitos os reparos e a substituição dos materiais instalados nas obras, em desacordo com o especificado nos contratos”.

QUESTIONAMENTO
O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano destaca que os problemas citados pelo TCE foram encontrados apenas nos TIs e, não, nas estações de BRT. E que, por isso, apresentará embargos de declaração ao conselheiro Marcos Loreto. “Entendemos que a fundamentação da medida cautelar não atinge os serviços nas estações de BRT, uma vez que as desconformidades identificadas pelo TCE foram somente nos serviços realizados nos terminais integrados”, diz.

As estações estão com aberturas na parte inferior da estrutura, solução encontrada para substituir as pequenas janelas existentes no projeto original e que foram destruídas nos atos de vandalismo - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Os contratos que serão acompanhados por auditoria do TCE somam quase R$ 8 milhões para recuperação emergencial e requalificação de 20 estações e melhorias em 13 TIs - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Os equipamentos foram praticamente destruídos internamente entre junho e julho de 2020, apesar de estarem sob proteção da Polícia Militar de Pernambuco, via convênio firmado com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Seduh) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

O CTM afirmou, ainda, que determinou à Santa Cruz Construções Ltda a imediata substituição dos materiais instalados nos banheiros dos terminais integrados e adequação dos serviços que estão em desacordo com o que foi licitado. A empresa tem o prazo de três dias para fazer os reparos e seguirá com o pagamento suspenso até que os fatos sejam devidamente esclarecidos. O gestor do transporte público da RMR destacou, também, que a ausência da refrigeração nas estações não são objeto dos contratos licitados.

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