O clima entre rodoviários e empresários de ônibus começou a esquentar, o que pode significar paralisações e até mesmo suspensão do serviço de transporte público da Região Metropolitana do Recife em breve. Dentro das negociações da campanha salarial - que sempre acontecem no início do segundo semestre -, rodoviários e patrões já começaram em total desacordo. Os empresários propuseram adiar toda e qualquer discussão sobre reajuste salarial e outros benefícios para janeiro de 2022, o que provocou indignação da categoria.
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Na tarde desta quinta-feira (), os rodoviários realizam assembleia para aprovar uma resposta aos empresários de ônibus. Não deverá ser discutido, ainda, um movimento de greve, mas se a reação for negativa - o que deverá acontecer - será uma questão de tempo para ele ser aprovado. A direção do Sindicato dos Rodoviários é contra a proposta feita pela Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco) e deverá guiar a discussão nesse sentido.
“Os patrões estão lucrando na pandemia. Lucrando às custas de demissões de rodoviários, recebendo subsídio do governador, ganhando de presente a verba do VEM Social. Também receberam 8% de aumento das passagens de presente, têm economizado com a folha de pagamento colocando os trabalhadores para receber pela MP do governo federal e estão acabando com o SEI (Sistema Estrutural Integrado), que hoje só existe para quem usa o cartão VEM. Enquanto os patrões continuam a nadar em dinheiro, nós, trabalhadores, amargamos arrocho, inflação, carestia e mais exploração”, são alguns dos argumentos dos rodoviários na convocação da categoria para a assembleia desta quinta.
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O presidente dos rodoviários, Aldo Lima, vai na mesma linha. “É inaceitável essa proposta. Inaceitável. Somos totalmente contra, ainda mais em meio a essa situação de pandemia e com a situação de dificuldade de muitos trabalhadores. Mas vamos levar a decisão para a categoria. Será ela quem definirá a resposta que daremos aos empresários”, afirmou. A Urbana-PE informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
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O histórico entre as duas categorias é péssimo. Sempre foi, mas com a covid-19 piorou demais. É preciso lembrar tudo que aconteceu em 2020, com as demissões em massa de 3 mil rodoviários - que não foi plenamente revertida pelo governo de Pernambuco e pela Justiça do Trabalho -, a catastrófica negociação entre governo do Estado, empresários, rodoviários e Justiça para finalizar a greve de dezembro de 2020, com a promessa do fim da dupla função de motoristas nos ônibus, e a ampliação para todas as linhas da retirada dos cobradores. Ou seja, o clima que já era ruim está pior. Por isso, passageiros e a população em geral - porque a economia, assim como a dona de casa, sofrem com a falta de ônibus - devem se preparar para movimentos de paralisação do transporte público em breve.