Dezembro de 2020, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados do desemprego no Brasil. São 14 milhões de desempregados no país, com uma taxa de desocupação que chega a 14,2%; e as mulheres são as mais afetadas. Para elas, o índice chega a 17,2%, enquanto para os homens, a taxa é de 11,9%. O problema não é de hoje, mas foi agravado pela crise sanitária gerada pelo coronavírus.
A desigualdade de gênero é estrutural. Imaginemos que, no Brasil, as mulheres começaram a votar em 1932 e que, até os anos 60, as casadas precisavam de autorização do marido para trabalhar fora. Apenas com a Constituição de 1988 houve uma mudança na lei e a igualdade entre homens e mulheres foi celebrada. Igualdade essa no papel, porque, na prática, o preconceito ainda existe e é vivido por elas no dia a dia. A história deixa rastros e nos ensinou que o homem é o provedor da família, enquanto a mulher fica em casa cuidando do lar e dos filhos. Apesar da quebra de paradigmas diária e constante, a ideia de que a mulher não dá conta do mundo corporativo e das responsabilidades da casa persiste na cabeça de alguns. O machismo é um vilão a ser combatido a todo momento. Numa sociedade igualitária, a ideia de que homens e mulheres devem dividir as atividades do lar pode ser parte da solução do problema, mas esse equilíbrio ainda é um desafio.
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O fato é que, em 2020, houve uma piora na presença feminina no mercado de trabalho e as dificuldades já encaradas pelas mulheres foram aprofundadas. E as razões que evidenciam a disparidade ocupacional entre homens e mulheres são conhecidas. As atividades ocupadas pelas mulheres foram as mais afetadas pela pandemia; serviços domésticos, educação, turismo e serviços como cabeleireira e manicure estão no topo da lista. Se os setores que mais sofreram são os que menos contratam e se esses setores contam com mais presença feminina, elas são as mais afetadas. Além disso, muitas mulheres optaram por sair do emprego para cuidar da família. Com os filhos em casa e as atividades da casa em evidência, a prioridade foi a atenção a família.
É bem verdade que a pandemia ainda não acabou e os desafios também não, mas o que fazer para reinseri-las no mercado? O primeiro passo é querer! Sim, as empresas precisam sair do discurso e ter ações concretas para minimizar as diferenças de gênero nas empresas. Berçário na empresa, políticas definidas de home office e equiparação da licença maternidade e licença paternidade são algumas atitudes que podem colaborar. Essa última é, muitas vezes, vista com estranheza, mas é uma alternativa para tirar da mãe a exclusividade – e o peso – do cuidado com os filhos. Em países como Espanha e Suécia, esse modelo já é uma realidade.
Outro assunto relevante e que precisa ser pauta nas organizações é a presença de mulheres em cargos de liderança. Uma pesquisa realizada em 2019 pelo Insper e pela Talenses Consultoria, mostrou que 26% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres e que apenas 13% delas ocupam cargos de presidência. O desafio é grande e gradativo; as mulheres levaram tempo para entrar no mercado de trabalho e estão encarando mais uma barreira que é o crescimento. Elas chegam em cargos de média gerência, mas o próximo passo é conquistar as posições de poder.
Como nada foi fácil para elas, esse é mais um desafio. Se tem preconceito e discriminação? Sim. Mas é necessário valorizar as mulheres por suas competências e qualidades. Portanto, elas podem estar onde quiserem e merecem, sendo reconhecidas pelo seu esforço e capacidade.
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