Lá vamos nós mais uma vez. Novamente, o governo de Pernambuco retoma o convênio para bancar a presença de policiais militares nos Terminais Integrados de ônibus e metrô da Região Metropolitana do Recife.
Os PMs começaram a “estar” nos terminais no domingo (1º/5), sempre no horário das 6h às 22h, e a promessa é de que ficarão pelos próximos dois anos. Para isso, o governo de Pernambuco está gastando R$ 30 milhões no total.
São 211 PMs para atender aos 26 TIs da RMR e ao Terminal de Santa Rita, no Centro do Recife. Os policiais estarão oferecendo segurança e mantendo a ordem nas unidades. Serão sete policiais para cada terminal, divididos em turnos.
O objetivo principal - mais uma vez também - é inibir o comércio informal, que saiu do controle nos equipamentos de transporte público do Grande Recife antes mesmo da pandemia de covid-19. Pós- crise sanitária, desarrumou de vez.
Os TIs estão tomados por ambulantes, que vendem de água mineral a frutas e verduras, passando por pipocas e roupas. Apesar da necessidade do trabalho, o comércio ambulante é proibido pelo regulamento do STPP (Sistema de Transporte Público de Passageiros), gera sujeira e desordem nos equipamentos e, muitas vezes, pequenos ilícitos. Todo passageiro ou operador sabe disso.
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GESTÃO PRIVADA INFLUENCIA
Embora seja mais um convênio que, muitas vezes, já foi suspenso por falta de pagamento aos PMs ou falta de renovação - como aconteceu com o das estações do Sistema BRT e o do Metrô do Recife, que já teve atrasos no pagamento dos policiais -, dessa vez a situação é diferente.
Isso porque o Estado acabou de iniciar o novo pacote de concessões dos TIs (que também inclui as 44 estações de BRT), que pelos próximos 35 anos e ao custo de R$ 113 milhões estarão sob gestão de uma empresa privada: a Nova Mobi Pernambuco.
Ou seja, os funcionários da Nova Mobi, que desde fevereiro estão diariamente nos TIs e sentem na pele a dificuldade que é colocar ordem nos equipamentos - por onde passam quase 80% dos passageiros de todo o transporte público do Grande Recife -, serão os fiscais do convênio com a PM.
O gerente operacional da Nova Mobi Pernambuco, Carlito Rodrigues, diz que, mesmo sendo os primeiros dias, já é possível ver uma movimentação diferente dos ambulantes, principalmente nas unidades menores. O desafio, como já se sabe, são os maiores terminais, como Joana Bezerra, Macaxeira e Pelópidas Silveira.
“Ainda estamos no terceiro dia e é cedo para avaliar. Mas a presença dos PMs já está sendo percebida por todos. Passageiros, funcionários e os próprios vendedores. Alguns já saem com a nossa orientação, outros vão e voltam. Mas já começaram a perceber que a polícia está nas unidades”, afirma.
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JORNADA EXTRA
Os 211 PMs que cuidarão dos TIs fazem parte do PJEs, o Programa de Jornadas Extras da Polícia Militar, ou seja, são policiais que se voluntariam para fazer um trabalho no horário de folga. “Sabemos que haverá uma rotatividade maior dos policiais por causa da natureza do convênio, mas com o tempo as equipes pegam o ritmo e a população em geral se acostuma a vê-los. Acredito que evoluirá positivamente”, diz.
A ação faz parte de um Acordo de Cooperação Técnica celebrado entre o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), a Nova Mobi Pernambuco, as secretarias de Defesa Social (SDS) e Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), e a Polícia Militar.
O contrato de concessão pública com a Nova Mobi Pernambuco prevê investimentos na ordem de R$ 1,5 bilhão. Pelo cronograma de atuação, o primeiro ano é de arrumação. Mas em até quatro anos, terão que ser investidos R$ 85 milhões do total.