As primeiras aparições do coronavírus no Brasil iniciaram em fevereiro e o primeiro caso confirmado foi no dia 26 do mesmo mês e, desde então, até esta terça-feira (7), dia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) testou positivo para o vírus que tanto subestimou, o Brasil totaliza 132 dias de pandemia.
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Antes mesmo do primeiro caso suspeito aparecer no País, o presidente já desdenhava da situação e nunca escondeu isso. No dia 26 de janeiro, o presidente afirmou estar preocupado com a situação, "mas não é uma situação alarmante".
De "gripezinha", a "eu não sou coveiro, tá?", veja as frases dita por Bolsonaro que minimizaram a maior crise sanitária que o mundo e o Brasil já sofreu no último século.
26 de janeiro - "Estamos preocupados, obviamente. Mas não é uma situação alarmante".
Após a confirmação do primeiro caso no Brasil, em São Paulo, no dia 26 de fevereiro, no dia seguinte, 27 de fevereiro, "estamos tendo problema desse vírus aí, o coronavírus. O mundo todo tá sofrendo".
6 de março - Com 13 pacientes infectados e 768 casos suspeitos, o presidente diz que as recomendações dos especialistas devem ser seguidas rigorosamente "é a melhor medida de prevenção". "O momento é de união. Ainda que o problema possa se agravar não há motivo para pânico".
10 de março - Durante discurso no evento com o presidente americano Donald Trump em Miami, quando a quantidade de vidas perdidas no mundo já passavam de quatro mil, Bolsonaro afirma que o coronavírus é uma "fantasia". "Obviamente, temos no momento uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo".
11 de março - Organização Mundial de Saúde (OMS) declara pandemia de coronavírus. A organização informou que 118 mil pessoas foram diagnosticadas com o vírus em 114 países. Os números da OMS indicam 4.291 mortes pela doença até o momento, o presidente segue desdenhando do vírus. "Vou ligar para o Mandetta. Eu não sou médico, não sou infectologista, o que eu ouvi até o momento é que outras gripes mataram mais do que esta".
15 de março - O País já registrava 28.912 infectados em todos os estados e 1.760 mortos por coronavírus, em entrevista à Rádio Tupi, Bolsonaro diz que existe "histeria". "Não podemos entrar em uma neurose como se fosse o fim do mundo. Outros vírus mais perigosos aconteceram no passado e não tivemos essa crise toda. Com toda certeza há um interesse econômico nisso tudo para que se chegue a essa histeria".
16 de março - Em monitoramento recomendado pelo Ministério da Saúde porque parte da sua comitiva testou positivo após viagem aos Estados Unidos, Bolsonaro vai à manifestação pró-governo. "Se eu me contaminei, tá certo? Olha, isso é responsabilidade minha, ninguém tem nada a ver com isso".
17 de março - Um dia depois do registro da primeira morte por coronavírus no Brasil, o presidente resolveu anunciar uma "festinha tradicional" para celebrar seu aniversário de 65 anos, no dia 22 de março, e culpou os governadores pelas medidas adotadas. "Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar muito a nossa economia".
20 de março - Depois de falar em "histeria" e "fantasia", Bolsonaro voltou a minimizar o coronavírus. "Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não, tá ok? Se o médico me recomendar um novo exame, eu farei, caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presente". O presidente já havia feitos dois testes que deram negativos.
21 de março - Todos os Estados do Brasil e o Distrito Federal registravam casos de coronavírus, aparentemente, Bolsonaro havia reconhecido a gravidade. "Reconheço a seriedade do momento e o temor de muitos brasileiros ante a ameaça do coronavírus. O governo segue trabalhando intensamente e tomará todas as medidas possíveis para conter a transmissão da covid-19".
22 de março - No entanto, no dia seguinte, em entrevista ao programa Domingo Espetacular, o presidente já voltou a se declarar contra a paralisação econômica. "Mais importante que a economia é a vida. Mas nós não podemos extrapolar na dose. Com o desemprego aí, a catástrofe será maior. Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus".
23 de março - Após polêmica com governadores, Bolsonaro diz que terá reunião com todos para discutir o coronavírus. "As vidas das pessoas estão em primeiro lugar. Agora, um detalhe: a dose do remédio não pode ser excessiva de modo que o efeito colateral seja mais danoso do que o próprio vírus. Esse é o cerne da questão".
24 de março - Em pronunciamento, Bolsonaro trata o coronavírus como "gripezinha". "No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha, ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa".
25 de março - O presidente defendeu isolar apenas os idosos. "O que estão fazendo no Brasil, alguns poucos governadores e alguns poucos prefeitos, é um crime".
26 de março - Com 2.915 pessoas diagnosticadas e 77 mortes por coronavírus, perguntado se o Brasil chegaria à mesma situação que os Estados Unidos, Bolsonaro respondeu: "Eu acho que não vai chegar a esse ponto. Até porque o brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali, saí, mergulha, tá certo? E não acontece nada com ele". Nesta terça-feira (7), os Estados Unidos registra 2.992.350 casos confirmados e 132.399 mortes. E o Brasil, 1.626.071 casos confirmados e 65.556 mortes.
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27 de março - Se for todo mundo com coronavírus, é sinal de que tem Estado que está fraudando a causa mortis daquela pessoa, querendo fazer um uso político de números. Em São Paulo, não estou acreditando nesses números.
27 de março - Em entrevista com Datena, no programa Brasil Urgente, o presidente voltou a pedir o fim do isolamento social. "Infelizmente algumas mortes terão, paciência, acontece, e vamos tocar o barco. As consequências, depois dessas medidas equivocadas, vão ser muito mais danosas do que o próprio vírus". O presidente ainda chamou de "chute" o resultado da pesquisa feita pela universidade de Oxford que projetou 478 mil mortes pelo novo coronavírus no Brasil.
29 de março - Contrariando as recomendações do coronavírus, Bolsonaro foi a mercado em Brasília. "Essa é uma realidade, o vírus tá aí, vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, p***a, não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia".
31 de março - Durante pronunciamento em cadeia nacional que gerou panelaço no Recife, Bolsonaro diz se preocupar com as vidas. "Minha preocupação sempre foi salvar vidas, tanto as que perderemos pela pandemia, quanto aquelas que serão atingidas pelo desemprego, violência e fome".
1º de abril - Bolsonaro se desculpa após publicar vídeo fake nas suas redes sociais. "Foi publicado em minhas redes sociais um vídeo que não condiz com a realidade para com o Ceasa/MG. Minhas sinceras desculpas pelo erro".
1º de abril - No primeiro dia do mês que o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta havia alertado que até o final de abril o sistema de saúde brasileiro entraria em colapso pela pandemia, "colapso é quando você tem dinheiro, mas não tem onde entrar (hospitais)", o presidente Bolsonaro, em entrevista ao Brasil Urgente, Bolsonaro comparou o coronavírus à chuva. "O vírus é igual a uma chuva, vem e você vai se molhar. Você não vai morrer afogado. Em alguns casos, lamentavelmente, haverá afogamento. Aquelas pessoas que não é porque tem mais de 60 anos, é porque tem um problema a mais. O próprio general Heleno tem 75 anos, foi acometido do vírus, deu positivo, ele ficou em quarentena e todos os dias fazia bicicleta na tua casa".
2 de abril - Ao chamar os governadores de radicais e defender a reabertura do comércio, no dia que o País registrava 8.066 infectados em todos os estados e 327 mortos por coronavírus, Bolsonaro afirma: "Desconheço qualquer hospital que esteja lotado. Muito pelo contrário".
3 de abril - Ao conclamar jejum nacional e afirmar que vai andar na rua novamente, mesmo com a pandemia, Bolsonaro volta a comparar o vírus com a chuva. "Esse vírus é igual uma chuva, vai molhar 70% de vocês, certo? Isso ninguém contesta Toda a nação vai ficar livre de pandemia quando 70% (da população) for infectado e conseguir os anticorpos. Ponto final".
10 de abril - Como já dito pelo próprio Bolsonaro, ele voltou a contrariar as orientações e fez novo passeio. "Eu tenho o direito constitucional de ir e vir. Ninguém vai tolher minha liberdade de ir e vir. Ninguém".
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12 de abril - No mesmo dia que o Brasil chegou a 1.200 mortos por coronavírus, em videoconferência com líderes religiosos, Bolsonaro se preocupa com economia. "Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus, mas está chegando batendo forte a questão do desemprego".
17 de abril - No dia da posse de Nelson Teich no Ministério da Saúde, após demissão de Mandetta por divergir do presidente em algumas questões no combate ao coronavírus, ele pediu a Teich que fizesse uma divisão. "Junte eu e o Mandetta e divida por dois. Pode ter certeza que você vai chegar naquilo que interessa para todos nós". Bolsonaro também admitiu estar ciente do risco de ir contra as autoridades sanitárias em todo o mundo defendendo a flexibilização do isolamento social. "Essa briga de começar a abrir para o comércio, é um risco que eu corro, porque se agravar, vem para o meu colo".
20 de abril - Na tentativa de apaziguar o clima com os outros Poderes, Bolsonaro afirma que o povo quer voltar a trabalhar. "Queremos voltar ao trabalho, o povo quer isso".
20 de abril - Durante conversa com jornalistas na saída do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou "não ser coveiro". "Aproximadamente 70% da população vai ser infectada, não adianta querer correr disso, é uma verdade. Estão com medo da verdade?", ao responder a pergunta de um jornalista sobre a quantidade de mortes necessária, Bolsonaro respondeu, "ôh, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?".
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28 de abril - No dia em que o País totalizou 5.017 mortos por coronavírus, superando o total registrado na China, de 4,6 mil, Bolsonaro lamentou a escala de mortes, mas afirmou não fazer milagre. "E daí? Lamento. Quer que faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre".
29 de abril - O chefe de Estado falou para a população cobrar as mortes por coronavírus aos prefeitos e governadores. "O Supremo decidiu que quem decide essas coisas são governadores e prefeitos. Então, cobrem deles. A minha opinião não vale. O que vale são os decretos dos governadores e prefeitos".
No dia 9 de maio, o Brasil registrou mais de 10 mil mortes por coronavírus. 11 de maio - Bolsonaro lamentou novamente o número de mortes e fez críticas às denúncias feitas nos governos estaduais e municipais. "Olha, eu lamento cada morte que ocorre a cada hora. Agora, o que nós podemos fazer, nós todos podemos fazer, é tratar com devido zelo o recurso público. E tá tendo denúncias em tudo quanto é lugar, gente presa até pela Polícia Federal, de desvio. Em vez de fazer a notinha de pesar, que eu acho válido, tudo bem, está certo, eu também sou aí pesaroso nessas questões, tem que dar exemplo, pô. É gastar menos".
14 de maio - Ao dizer que o Brasil está quebrando e lockdown é um fracasso, o presidente diz que ainda vai morrer muito mais gente. "Temos que ter coragem de enfrentar o vírus. Tá morrendo gente? Tá! Lamento? Lamento! Mas vai morrer muito, muito, mas muito mais se a economia continuar sendo destroçada por essas medidas".
21 de maio - Ao falar sobre as evidências científicas da hidroxicloroquina, liberada pelo Ministério da Saúde no dia 20 de maio para o tratamento do coronavírus desde o primeiro dia da doença, Bolsonaro pede que a população use o remédio "Alguns morrem, claro, não é todo mundo que vai tomar o remédio e ficar vivo, mas a grande maioria fica".
29 de maio - Durante live ao comentar sobre o auxílio emergencial pago aos trabalhadores informais e mães solteiras durante a pandemia, Bolsonaro volta a defender a reabertura do comércio. "Temos a onda do covid, sim. A gente sabe que leva a mortes muitas vezes, mas temos uma onda maior ainda que é o desemprego. E, com todo o respeito, também leva a catástrofes para todos no País".
15 de junho - Em entrevista à TV BandNews, Bolsonaro disse que o Brasil não tinha registrado nenhuma morte por coronavírus até o momento que tenha acontecido por falta de UTI nos hospitais. "Eu tinha informações que a cloroquina estava dando certo, de forma não comprovada cientificamente, e não tinha outra alternativa. Baseado em dados, em inúmeros relatos. Teve governador e prefeito que proibiu a administração desse medicamento. Não tinha interesse por parte de muitos governadores de conversar".
22 de junho - Bolsonaro falou que o governo não vai conseguir suportar mais duas parcelas de R$ 600,00 do auxílio emergencial. "Não podemos deixar que o efeito colateral do tratamento da pandemia seja mais danoso do que a própria pandemia. Vida e emprego, uma coisa está completamente atrelada à outra".