Em todo País, a Praia de Boa Viagem, no Recife, é atrelada aos ataques de tubarão já registrados; sozinha, concentra 24 dos 70 incidentes que ocorreram em Pernambuco desde 1992. E ao contrário da Praia de Piedade, na cidade vizinha de Jaboatão dos Guararapes, ponto mais preocupante do Estado, o banho de mar no Recife é permitido. Então, para garantir a segurança e o rápido salvamento em caso de emergências como essas, o Governo de Pernambuco afirma tomar ações educativas e preventivas. Mas a realidade que se vê é uma orla que carece de salva-vidas e de postos de Bombeiros em bom estado até mesmo no verão.
Em aproximadamente sete quilômetros de extensão, Boa Viagem conta com oito postos de apoio ao Corpo de Bombeiros, que age por meio do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar). De responsabilidade da gestão estadual, os equipamentos foram recuperados pela última vez em 2016, e estão, em sua maioria, depredados e abandonados. Em alguns, há buracos no piso superior e nas paredes de madeira, onde pichações dominam. Outros viraram ponto de dormida para pessoas sem-teto.
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Somente o posto cinco encontra-se em bom estado de conservação, com janelas, escada e câmera de segurança. Segundo populares, é o único que funciona 24h - o que era previsto para todos os postos de acordo com o projeto Orla Segura, lançado na gestão Eduardo Campos. O plano era que, durante o dia, eles fossem ocupados por bombeiros. À noite, pela Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) ou Guarda Municipal. Isso para prevenir a praia contra crimes, além de acidentes, afogamentos e eventuais ataques de animais.
Mas não é o que acontece. Durante visita da reportagem, na manhã de uma sexta-feira de janeiro, alta temporada de turismo, apenas um dos postos contava com a presença de salva-vidas. Todos os outros estavam fechados. “Os salva-vidas vêm mais aos finais de semana e nos feriados, durante a semana raramente tem. Os postos estão avariados porque não tem policiamento. Então o pessoal invade. É comum ter gente reunida neles usando drogas“, disse Cristiano da Silva, de 47 anos, dono de um quiosque na praia há mais de 10 anos.
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A aposentada Ana Celina Batista, de 63 anos, é frequentadora da praia por morar na região, e pontuou também perceber a falta dos bombeiros na orla. “Ultimamente não temos visto salva-vidas aqui, e eles são muito importantes; principalmente nos finais de semana, quando o pessoal exagera na bebida alcoólica e se arrisca no mar. Estamos precisando disso, porque aqui é nosso cartão de visita, queremos mais orientação”, opinou.
Em conversa com a reportagem, alguns bombeiros afirmaram que houve baixa no efetivo durante a semana porque alguns adoeceram, mas que, de fato, há poucos salva-vidas na corporação para dar conta de toda a praia. Disseram que a maior parte está concentrada na área que eles dizem ser de “correnteza mais forte”, e, com isso, de afogamentos mais constantes. Ainda, reclamaram do estado dos postos da praia.
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Ainda, algumas das placas que alertam sobre o perigo de ataque de tubarões em Boa Viagem para turistas estão em estado de degradação. Em um ponto, na divisa com Jaboatão dos Guararapes, sobrou apenas a estrutura.
Posicionamento dos Bombeiros
Acerca da denúncia de efetivo insuficiente, o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco informou possuir cerca de 2.400 servidores atuando dentro da corporação, que, de 2015 a 2021, incorporou 298 novos profissionais. Há previsão que integrem a corporação, até o início de 2023, mais 233 alunos que iniciaram o curso de formação entre o ano passado e o início deste ano.
Na Praia de Boa Viagem, afirmou lançar guarda-vidas diariamente, das 8h às 17h, sempre com duplas ou quatro bombeiros equipados com materiais de salvamento aquático e primeiros socorros. Explicou também que o efetivo do GBMar é posicionado em "pontos estratégicos, orientando banhistas e turistas sobre os pontos considerados mais perigosos". Ainda, disse utilizar postos e, em alguns pontos, priorizar colocar os salva-vidas mais próximos dos banhistas, além de apoiar o serviço com embarcações de salvamento, helicópteros, sistema de vídeo monitoramento, motos de resgate, ambulâncias da corporação e do SAMU.
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Sobre a estrutura dos postos de guarda-vidas, os Bombeiros responderam que eles estão sendo analisados e que já existe um projeto para serem reestruturados. Por fim, disse fazer ações de orientação e prevenção do afogamento e cuidados com as crianças diariamente, além de informativos na televisão e rádio com alertas.