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Exclusivo: pernambucano, presidente do Médicos pela Vida deve ser indiciado pela CPI

Médico foi presidente do Simepe.

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Augusto Tenório

Publicado em 21/10/2021 às 17:39 | Atualizado em 17/05/2022 às 16:55
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Médico pernambucano e presidente da polêmica Associação Médicos pela Vida, Antônio Jordão de Oliveira Neto será incluído como indiciado no relatório final da CPI da Covid.

A informação foi confirmada ao Blog pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que integra o chamado G7 da Comissão. 

"Os integrantes desta entidade serão indiciados sim. Não estavam no primeiro relatório, mas na tarde desta quarta-feira nos conversamos com o relator e o nome deles entrou", afirmou o senador ao titular do blog. A votação do relatório está prevista para a próxima terça (26). 

A Associação Médicos pela Vida é citada pelo menos 17 vezes no relatório da CPI da Covid, apresentado nessa quarta (20) pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL).

Até dezembro de 2020, a organização tinha o nome Associação Dignidade Médica de Pernambuco.

Antônio Jordão de Oliveira Neto é médico oftalmologista, ex-presidente do Simepe e foi homenageado, em 2013, com a Medalha de Mérito José Mariano.

A iniciativa foi do então vereador Rogério de Lucca (PSL). Em maio de 2020, ele ficou conhecido por liderar a publicação de um  tratamento "pré-hospitalar" contra a covid-19. 

Reprodução/Facebook
Antônio Jordão e Jair Bolsonaro - Reprodução/Facebook

"A Associação Médicos pela Vida propôs a existência de um gabinete paralelo, desestimulou medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, e reforçou o isolamento vertical e o uso de medicamentos como  hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, zinco, vitamina D, entre outros", aponta o relatório da CPI, onde ainda não consta o nome do médico.

Procurado pela reportagem, Antônio Jordão disse que desconhecia a informação de que seu nome seria incluído na lista de indiciados. O médico lamentou que, apesar dos convites de senadores, não pôde comparecer à CPI. 

"Não vejo motivo para que isso aconteça. Acontecendo fatos como esse, só podemos imaginar a tentativa de demonização do tratamento da covid e uma total inversão de valores. Seria uma tentativa de criminalizar o cidadão de bem e deixar de apurar quem deve. Nós ajudamos a salvar vidas, por que motivo eu seria indiciado?", questiona o médico.

Reunião para o "gabinete paralelo"

No dia 8 de setembro de 2020 realizou-se reunião com o presidente Jair Bolsonaro, cujo tema era "médicos pela vida". Nela, debateu-se sobre a associação e a criação do "gabinete paralelo". O encontro contou com a presença de Antônio Jordão e outros representantes do movimento, como Nise Yamaguchi.

"A minha sugestão, até enviei mensagem ao executivo, mandei a carta pro Weintraub, pro Arthur, talvez fosse importante se montar um grupo. Eu não vou fazer parte desse grupo, porque não sou especialista em vacina, mas eu gostaria de ajudar o executivo a montar um shadow board. Como se fosse um shadow cabinet. Esses indivíduos não precisam ser expostos, digamos assim à popularidade", comentou na ocasião o virologista Paolo Zanotto.

Tratamento precoce

Outro ponto de destaque é a "Carta do Brasil - 2021", direcionada pela associação ao presidente Jair Bolsonaro. Nela, critica-se o uso obrigatório de máscaras e a obrigatoriedade indireta da vacinação, enquanto o uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19 é estimulado.

A Associação Médicos pela Vida estabeleceu como "pilar" da Assistência em Saúde na covid-19 a "promoção da profilaxia da covid-19, com apoio para hábitos de higiene, proteção dos vulneráveis ou isolamento vertical, medicamentos (hidroxicloroquina, ivermectina), oligoelementos (zinco) e vitaminas D e C, de forma individualizada sempre que possível".

Outra orientação é o estímulo ao tratamento imediato domiciliar, com uso associado de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina e zinco. Esse "tratamento" seria instituído logo após o diagnóstico clínico, de sinais e sintomas da covid-19 e outras doenças.

Além dessas questões, aponta-se a associação como a responsável pela publicação do "Manifesto pela Vida". Trata-se de informe publicitário divulgado tanto em veículo de mídia quanto redes sociais, em defesa do tratamento precoce.

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